26/10/08

Lei dos 5 R's

Tá decidido. Sair nunca mais. Pelo menos nunca mais até ver. Ok, não é nunca mais mas...

Esqueçam, o que quero dizer é que ser músico e querer ir bombar não funciona. No dia seguinte nem estudo, nem vontade, nem alegria, nem descanso. Porque é que o ser humano se lixa tanto, e de forma tão violenta para o corpo e a psique?

Noite inesperadamente agradável ontem, de improviso decidi fazer algo para deitar cá para fora tudo que me corrói, e para isso nada melhor que quê? Beber e Dançar obviamente.

O problema é que hoje andar não consigo direito, falo pelo menos uma 3ª menor abaixo da minha voz normal, e os meus olhinhos fazem o pessoal pensar que estamos na época da páscoa, com os coelhinhos.

Começo a pensar se ficar em casa a deixar ecoar a estupidez que me caracteriza no silêncio do meu cantinho não é forma melhor de vida. Pelo menos mais saudável de certeza. Gostava era que alguém me ensinasse a conseguir ouvir-me sem interferência no silêncio, para ver se me conheço um pouco mais. Já há muito que parei de me conhecer. Tenho saudades de procurar algo de novo. Não é encontrar. Encontrar encontramos palhaços na rua todos os dias. Procurar algo é sempre mais interessante. Mas enfim... viva a forma fácil de viver, ou seja a lei dos 5 R's: Rotina, lavada com Rum para obter o Relaxe e impedir que a Reflexão nos Recrimine.

Devia decididamente ter ido para outra profissão.

19/10/08

O meu melhor amigo

Ora eu sei que estou a desmistificar esta coisa do Blog ao buscar textos feitos mas a verdade é que tropecei hoje em coisas que merecem figurar neste espaço. Segue-se um texto de um dos meus melhores amigos... O mais hilariante é que comecei a ler e pensei que pudesse estar a escrever de mim e... enfim, divirtam-se :)


Como qualquer bom amigo, também ele nos trai.

é apenas uma questão de tempo até isso acontecer...pode não trair mas vao seguramente desiludir...nem que seja uma vez na vida.Ele vai-nos surpreender, ainda que o conheçamos de dentro para fora. Ele vai-nos atirar algo à cara que nos vai magoar.

Pois eu também tenho um melhor amigo. Escolhi-o não porque todos os outros nao fossem também eles escolhas acertadas, mas porque este até ao momento revelou-se sempre estar à distância de um gesto simples.Este sim, posso dizer que até nos momentos em que só cabia um no meu quarto, esteve comigo. Nos momentos em que a cena acontecia, ele estava lá, aparecendo do nada, como que por uma magia que eu nao sei explicar.

Pois então...esse meu amigo chama-se Cigarro. Não é definitivamente português, mas é um Lucky Strike.

Como já disse...sei bem que é uma questão de tempo até me surpreenderes, mas quem não o fez ainda? Dizem que não és a melhor companhia, a minha mãe até já te proibiu de entrares cá em casa, o meu pai...o meu pai diz que apesar tudo podia ser pior. A minha avó gosta dele também e muitas foram as noites em que tivemos os 3 juntos na amena cavaqueira.

Mas gosto de ti sobretudo pelas noites passadas a 2. Não foi por estares sempre lá...é por muito mais que isso...é por me dedicares a tua vida...em troca de alguns beijos e algumadedicação e atenção.

Tu melhor do que ninguém sabe ao que sabem os meus labios. Tu sabes como se mexe a minha lingua quando estou de boca fechada. E quem mais sabe isso??só tu meu amigo...

Enquanto te escrevo estás aqui ao meu lado, e noto que estas diferente...pareces envergonhado com esta dedicatória...mas não estejas...mereces cada palavra e com o tempo que vai passando sobre nós parece-me que vais merecer cada vez mais...a vida nao vai ficando cada vez mais facil e uma boa companhia nesta viagem é sempre precisa...

Tu és o meu companheiro das grandes e das pequenas viagens. És quem escolho para ir pelas ruas da cidade e quem escolho para um fim-de-semana romantico. És definitivamente quem escolho para as viagens com tudo incluido e para aquelas que só incluem aquilo que levo com elas...

Meu bom amigo...não me deixes de alimentar com o teu aroma intenso e o teu sabor a cinzeiro mal lavado. É isso que amo em ti. O charme das tuas formas aliado aos teus sabores realmente exóticos e afrodisiacos.

Fica comigo, porque enquanto houver 5 euros na minha carteira, não te troco por nenhuma prostituta barata ou refeição rápida.Tu mereces tudo de mim até ao ultimo dos dias em que me deixares respirar este ar contaminado que vem do mundo e não do teu doce fumo.


Ricardo Fino

Simon Bolivar Orchestra




Vejo e revejo e finalmente digo: ainda há vida e sincera alegria algures por aí.

Polyamory...

Nada como a um domingo depois de um casamento em que se abusou um pouco, chorou-se, pensou-se na vida e suas vicissitudes, esbarrar com um artigo desta natureza no JN. O mundo ainda não acabou. Há pessoal que nunca para de criar novas formas da sobrevivência Humana, para não cairmos no tédio e rotina, :)

Atenção que eu não opinei nem opinarei tão cedo sobre isto ;)


"Relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não é só sexo. Sexo e afecto. Amores múltiplos. Poliamor. Um conceito novo para uma prática que sempre terá existido e que desafia um dos tabus maiores da nossa sociedade: a monogamia.

Uma nova forma de conjugalidade, sem exclusividade afectiva e sexual e com igualdade de direitos. O que significa que não há lugar para traições, ilusões ou infidelidades. Porque ninguém é enganado.

Não se trata de apenas sexo, como acontece com o swinging ou a infidelidade sexual consentida, em que os envolvimentos emocionais estão proibidos. No poliamor (ou polyamory), a afectividade é a dimensão mais importante.

"O poliamor retira o peso excessivo ao sexo", defende Ana ou Antidote como é conhecida no activismo do poliamor ou da não monogamia responsável. E acrescenta: "O mandamento da monogamia, da exclusividade, é substituído pelo mandamento da honestidade: não pode haver ninguém enganado".

Difere também da poligamia - prática em que um dos cônjuges (normalmente o homem) tem vários parceiros - pela democratização dos direitos. "A não fidelidade masculina era socialmente aceite, enquanto a infidelidade feminina sempre foi, e ainda é nalgumas culturas, severamente punida. O poliamor é uma estratégia de democratização das relações íntimas", sublinha João Oliveira, sociólogo e docente do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Lisboa).

Não se sabe quantos poliamorosos existem em Portugal. A introdução do conceito, no nosso país, é relativamente recente. A mailing list poly_portugal conta com cerca de 60 participantes, número que não traduz a real dimensão da comunidade de poliamorosos em Portugal, explica Ana, uma das moderadoras do fórum.

Lara criou, há cinco anos, o site poliamor.pt, que recebe cerca de 170 visitas por mês. Mais recentemente, começaram a organizar-se, em Lisboa, encontros semanais de pessoas interessadas nesse estilo de vida.

O facto de agora começar a ser divulgado um conceito que traduz o que muitos já sentiam como sendo a sua forma de estar nos relacionamentos, mas não sabiam como designar, pode "facilitar a que apareçam mais pessoas que se identifiquem com essa prática", considera o sociólogo.

Neste modelo, não são os papéis de género que organizam a relação nem é a tradição que regula o que é ou não permitido. "É uma proposta com o objectivo de libertar as pessoas de formas de relacionamento que as limitam", sublinha o investigador.

Para Gabriela Moita, psicóloga clínica especializada em sexualidade e docente universitária, "o ser humano não é monogâmico ou polígamo por natureza". "É a socialização que nos ensina a forma de pensar e seleccionar os sentimentos, levando-nos a reprimir ou a permitir certo tipo de emoções", acrescenta.

"Quase todas as pessoas já sentiram emoções por várias pessoas ao mesmo tempo. Mas, o que normalmente acontece é a pessoa colocar-se em causa, considerando que há algo de errado consigo ou com a relação que tem. E, como é socialmente condenado, acaba por escolher um dos sentimentos", explica a psicóloga.

Este é o comportamento mais habitual, o que não significa que seja o mais saudável. "Tudo o que traga liberdade aumenta a saúde mental", frisa Gabriela Moita, acrescentando que o que causa problemas é o "amor dependente". Ou seja, "esperar que o outro nos complete e seja tudo para nós".

Trata-se, porém, de uma opção que não é fácil de assumir. À excepção de um caso, todas as pessoas que falaram ao JN solicitaram o anonimato. Por receio de sanções familiares, sociais e até profissionais. Colocar em causa a monogamia é encarado como um ataque à instituição do casamento e espoleta reacções extremas.

Mas será que as novas formas de conjugalidade são uma ameaça social? "O poliamor é uma alternativa de estilo de vida, um outro modelo de relacionamento. Não ameaça nem substitui o que já existe", defende o sociólogo João Oliveira."

17/10/08

Escolha de vida ou vida de escolhas?

Não me apetece escrever muito, não tenho tempo, nem para reflectir nem para perder.

Mas a verdade é que sou obrigado a lançar esta pergunta: É mesmo possível levar uma vida pacata, calma e com um sorriso nos lábios nos tempos que correm? É mesmo possível andar a estudar ou a trabalhar e nos intervalos das ocupações primárias do ser humano fumar uma erva e não se preocupar que daqui a 15 minutos há que estar ao máximo das capacidades? Desde quando é que é possível viver alegremente e com qualidade numa cidade em que para conseguir qualquer coisa que seja é preciso ultrapassar obstáculos saltar buracos tropeçar em agendas privadas deixadas a apodrecer nos sítios mais bolorentos?

Continuo sem entender. Considero-me eficaz, capaz, semi-inteligente e bastante inventivo, mas tudo que me falta ter é uma vida. Sair à noite, é para esquecer, tomar um copo em meia hora depois dum ensaio e mandar meia caneca de treta com um amigo, depois ir dormir para conseguir fazer algo no dia seguinte, ser sensível arrebatador surpreendente para quem merece e de quem se gosta é impossível pois é incessantemente na cinza da cabeça que se saltam os obstáculos e encontra-se a saída das vielas escuras, e luz não entra para ninguém, então para todos é-se um buraco negro.

Eu não escolhi isto. Não escolhi ter ideias, não escolhi a luta não escolhi a responsabilidade. Deparo-me com a falta de escolhas, ou melhor, com a inexistência da escolha de recusar.

No fundo gostava de me lembrar de tudo que foi primeiro... primeiro amigo, primeiro grupo de amigos, primeiro beijo, primeiro amor, primeiro namoro, primeira negativa, primeira desilusão, primeiras lágrimas engolidas. Tudo se repete se deixarmos que se repita.

O meu problema é que o constante fluxo de novos produtos com que a Sociedade Anónima da Vida me bombardeia não me permite saber o que é o reconhecer de uma coisa. Nada se repete. Tudo novo. Tudo com a corda na garganta. Estabilidade? Decididamente devia ter ido para gestão.

29/09/08

Flight of the conchords

Não tenho tempo para grandes dissertações e o que quer que fosse inventar agora seria muito para o Depre, cá vai algo que me delicia.